Transparência

Um assunto muito debatido na atualidade é a divulgação do desempenho das organizações, a transparência, principalmente através dos relatórios de sustentabilidade. Existem diversos modelos de divulgação, com indicadores e índices variados, alguns globalmente aceitos, como o GRI.

Conforme a norma internacional ISO 26000 de responsabilidade social, transparência é um dos princípios que devem ser seguidos pelas organizações. Elas devem disponibilizar informações claras, completas, oportunas e confiáveis sobre suas decisões e atividades que afetam a sociedade, a economia e o meio ambiente, incluindo seus impactos conhecidos e prováveis. De acordo com a norma, o princípio da transparência não requer que informações confidenciais venham a público, nem implica fornecimento de informações que sejam privilegiadas ou que possam significar violação de obrigações legais, comerciais, de segurança ou de privacidade individual. (ABNT, 2010).

A organização deve divulgar:

• propósito, natureza e localização de suas atividades;
• identificação de qualquer controle acionário na atividade da organização;
• como suas decisões são tomadas, implementadas e analisadas, incluindo a definição de papéis, responsabilidades e autoridades nas diferentes funções dentro da organização;
• padrões e critérios usados para avaliar seu próprio desempenho em relação à responsabilidade social;
• seu desempenho em questões relevantes e significativas da responsabilidade social;
• origens, montantes e aplicações de seus recursos financeiros;
• impactos conhecidos e prováveis de suas decisões e atividades para suas partes interessadas, na sociedade, na economia e no meio ambiente;
• suas partes interessadas e critérios e procedimentos usados para identificá-los, selecioná-los e engajá-los.

(ABNT, 2010, p.v)

Se atualmente a transparência e a divulgação são fundamentais, questiona-se muito a qualidade das informações, os objetivos das mesmas e algumas formas de divulgação. Os primeiros relatórios ambientais surgiram há mais de 20 anos. Para a SustainAbility, a divulgação dos dados é crescente e melhorada, mas as empresas não sabem o que os leitores estão fazendo com as informações que eles investem tanto tempo, esforço e dinheiro em produzir.

O WBCSD/CEBDS, 2011, no documento Vision 2050, uma das visões trata da transparência e da divulgação de desempenho: para readquirir confiabilidade e liderança, as empresas desenvolverão suas melhores práticas à luz da transparência. Elas utilizarão as novas mídias e outras estratégias de comunicação para manter os seus públicos-alvo permanentemente engajados em vários níveis e de maneira mais interativa. Como resultado, terão mais êxito na função de aprender com seus consumidores e a comunidade que as circunda. Esse processo já pode ser visto pela divulgação dos relatórios de sustentabilidade e pela integração das informações econômicas com as sociais e ambientais.

As empresas brasileiras são especialmente importantes no processo de “disclosure”. Análises globais mostram que uma parcela significativa das organizações se preocupa em produzir relatórios e em divulgá-los em diversos meios, preocupando-se com a compreensão do público. Organizações como o governo estadunidense e o Banco Mundial estão divulgando até dados fechados para o mundo, como informado pela SustainAbility. A política de open data permite a participação mais ativa das partes interessadas nas ações e até nas soluções de problemas. A divulgação é um movimento crescente e extremamente vasto, com benefícios ainda não descobertos pelas organizações.

O SustainAbility também produziu um relatório sobre as mudanças na divulgação, do ponto de vista de quem produz e de quem os lê. É um processo para a mudança e um elemento fundamental para a construção de uma economia mais sustentável. O resultado mostrou que mais da metade dos leitores usam os relatórios como base para decisões financeiras e para optar por produtos da empresa. É ainda uma ferramenta útil na mudança de comportamento de consumidores e até da própria empresa, demonstrando progressos dos processos internos.