Indicadores consistentes para medir sustentabilidade da empresa

Qualquer gestão depende da geração e do monitoramento de indicadores, e a gestão da sustentabilidade não poderia ser diferente. Desde a Eco-92, na Agenda 21, foram propostos indicadores voltados à avaliação da sustentabilidade, a partir da definição do que seria uma realidade de desenvolvimento que considerasse múltiplos aspectos, incluindo os sociais e ambientais.

Contudo, como um movimento recente e de crescente importância, diversos indicadores foram desenvolvidos paralelamente por organizações, algumas com igual importância no contexto mundial. Esses indicadores, numa tentativa de avaliar e monitorar a sustentabilidade, um conceito ainda em evolução e discussão, intrincado por uma complexa rede de fatores que se influenciam mutuamente, acabam se tornando inconclusos e inconsistentes. Mas, sem dúvida, é o processo natural de aperfeiçoamento dos instrumentos disponibilizados, que também agregam ao movimento como um todo.

Por esse motivo, as organizações têm que ser avaliadas por diversos indicadores, muitas vezes redundantes, para satisfazer as diversas partes interessadas.

A comissão nacional da Rio+20 propôs a discussão de índices internacionais de sustentabilidade, com grande aceitação, que padronize os indicadores, que poderiam aumentar o nível de atuação das empresas e alavancariam a adoção de boas práticas corporativas. Disseram ainda que os indicadores deveriam ser capazes de apontar tendências estruturais, ou de mais longo prazo, relativas à compatibilidade de empresas ou negócios com o paradigma do desenvolvimento sustentável. Dentre eles, poderiam ser consideradas métricas da proporção entre aumento da produção e geração de impactos e/ou demandas excessivas por recursos naturais.

Para o desenvolvimento de indicadores consistentes a uma determinada realidade, é fundamental que pesquisas sejam feitas e aplicadas junto às empresas, principalmente por organizações e grupos de pesquisa com tradição e foco em sustentabilidade. É importante também que sejam identificados quais indicadores teriam maior relevância em cada contexto ou setor.

Uma pesquisa liderada pelo SustainAbility(2012), “Rate the raters”, avaliou diversas formas de mensuração da sustentabilidade corporativa, através dos índices e indicadores já existentes no mercado. Na quarta fase de seu relatório, foram apresentadas as tendências dos mesmos: viabilidade financeira, como alternativa ao modelo vigente de ônus apenas ao cliente; surgimento de diversos índices, específicos ou não, mas destaque apenas para poucos baseados na qualidade de seus indicadores; competir entre si não pela aquisição dos dados e sim pela forma de análise de uma mesma base fornecida por poucos players focados em surveys; adicionar valor às empresas e serem previsíveis; foco em assuntos-chave e nos impactos nas organizações; consistentes, mas adaptáveis, mudando conforme as demandas e evoluções das discussões da sustentabilidade; transparentes, aumentando o valor das ações de avaliação.

Além de indicadores, há algumas medidas importantes que estão sendo tomadas por algumas organizações. Empresas estão criando grupos de conselheiros independentes externos que avaliam seus desempenhos e ações em sustentabilidade, como forma de trazer partes interessadas externas para serem ouvidas pela organização.

Não há um conjunto de indicadores de sustentabilidade que seja universal, aplicável a toda e qualquer realidade, já que estariam adequados a determinados processos, podendo ser relevantes em alguns contextos e não em outros. Daí a necessidade de desenvolvimento de indicadores e índices setorizados. Um exemplo de uma medida importante foi o desenvolvimento de indicadores por um grupo de trabalho do Global Reporting Initiative (GRI), para o setor de alimentos, que poderiam ser mais facilmente aplicados pela Bunge. Há também iniciativas de diversas organizações para gerar manuais e publicações adequadas a cada ramo, como “Indicadores de sustentabilidade para a indústria da comunicação”, publicada pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade em parceria com diversos ONGs e centros de pesquisa.

Em síntese, percebemos um esforço no sentido de se racionalizar a utilização de indicadores pelas empresas, que devem utilizar sistemas de medição adequados as suas realidades e estratégias de posicionamento nos mercados no qual atuam.