Sistemas de monitoramento global das premissas da sustentabilidade

A sustentabilidade global depende do monitoramento de seus indicadores, que deve ser feito por sistemas amplos, eficientes e globais. A configuração do desenvolvimento sustentável, na conjuntura de globalização e regionalização, torna imprescindível a criação de instrumentos e métodos para o conhecimento, planejamento e gerenciamento do espaço com informações agregadas. Isso também é ressaltado no relatório do secretário Geral da ONU, publicado em 2012, sobre sustentabilidade global.

Nos últimos vinte anos, muito foi feito pela melhoria da qualidade dos dados e das análises dos mais diversos aspectos da sustentabilidade. Dentre eles, é importante destacar os relatórios em mudanças climáticas, energia, alimentação e agricultura, água, saúde, sexo, economia, emprego, desenvolvimento e meio ambiente. Entretanto, não existem relatórios que analisem conjuntamente diversos setores, ou os benefícios de se tomar uma decisão em detrimento de outra, e que identifiquem áreas de oportunidade e pontos de risco.

Uma das iniciativas é o sistema de monitoramento de desmatamento desenvolvido pelo Google, que permite que qualquer organização monitore as taxas e as áreas desmatadas, ações que contribuem para a perda de biodiversidade e para emissão de gases de efeito estufa. Além do Google, há outros projetos de satélites com focos em meio ambiente que pretendem gerar redes globais de monitoramento.

Outra forma de monitoramento é através de relatórios uniformes e voluntários que fornecem indicadores às organizações que observam e analisam a sustentabilidade empresarial no mundo. O GRI e os mecanismos de disclosure são alguns exemplos de bases de dados que alimentam análises da ONU, do WWF e de outras entidades mais específicas, como o Banco Mundial. Eles geram, portanto, análises de cunho global das premissas da sustentabilidade, apontando iniciativas positivas, rankings e estatísticas, que permitem a geração de cenários futuros. Como colocado pelo Instituto Ethos, o movimento de relatórios integrados tem avançado muito as discussões de transparência, permitindo que as organizações revelem o quanto de valor, em seu sentido mais amplo, elas geram.

Os sistemas de monitoramento global permitem o desenvolvimento de uma governança global, já que nenhum problema relativo à sustentabilidade pode ser tratado isoladamente, se considerarmos o planeta como um sistema fechado, com recursos finitos. O relatório da sustentabilidade global da ONU propõe a criação de um “radar” de sustentabilidade feito por organismos multilaterais que preencham a lacuna de indicadores. Esse relatório deve ser pautado em pesquisas e discussões científicas e tentar fornecer os chamados “limites planetários”, para que as decisões sejam tomadas com embasamento técnico.

As empresas podem usufruir desses sistemas globais de monitoramento para saber direções, analisar cenários produzidos e gerar estratégias próprias em um contexto conhecido. Também, devem estar cientes de seu papel no fornecimento de informações, seja de forma de disclosure, seja na forma de relatórios de sustentabilidade, com formatos universais e acessíveis ao resto do mundo.