Ética

Ética é tida como um código de conduta que preserva a espécie humana e respeita os demais indivíduos. Deriva da palavra grega “ethos”, que significa tanto caráter quanto sentimento de comunidade – o que poderíamos chamar de cultura. Parte-se do pressuposto de que é preciso possuir critérios, valores, e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquias entre esses valores para nortear as ações em sociedade. Moral e ética, às vezes, são palavras empregadas como sinônimos, enquanto outros assim as diferenciam os dois: ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas; ética é permanente, moral é temporal; ética é universal, moral é cultural; ética é regra, moral é conduta da regra; ética é teoria, moral é prática.

As questões éticas e de valores humanos tornaram-se primordiais para a política e para a gestão do desenvolvimento sustentável. Fundado na responsabilidade para com a coletividade humana e num sentido de solidariedade amplo, ele considera as relações de nossa espécie com as demais espécies vivas e com o ambiente que nos cerca.

A ética é mutável com o tempo e com as sociedades. Portanto, deve ser analisada em um contexto e constantemente questionada enquanto norma. Muitos alegam que a consciência moral está banalizada e cada vez menos valorizada frente às consequências dos erros, dos danos e dos prejuízos. Os interesses são individuais e não mais coletivos ou sociais – estes últimos que prezam por princípios éticos. E a causa disso é atribuída às mudanças rápidas e profundas dos valores em relação à convivência entre os humanos. Conforme o relatório do Secretário Geral da ONU sobre sustentabilidade global, publicado em 2012, qualquer mudança social depende do “empoderamento” das pessoas, da capacidade individual de tomar decisões pautadas na sustentabilidade e, portanto, a ética seria fundamental principalmente quanto à liberdade e aos direitos humanos.

Diz-se que uma pessoa possui um valor e legitima as normas decorrentes quando, sem controle externo, pauta sua conduta por elas. Por exemplo, alguém que não rouba por medo de ser preso não legitima a norma “não roubar”: apenas a segue por medo do castigo e, na certeza da impunidade, não a seguirá. Em compensação, diz-se que uma pessoa legitima a regra em questão ao segui-la independentemente de ser surpreendida, ou seja, se estiver intimamente convicta de que essa regra representa um bem moral.

O desenvolvimento da ética empresarial passa pelo estágio do comportamento reativo por medo da punição, para a incorporação dos princípios na visão do negócio, tornando-se realmente uma organização ética. A ética empresarial é um assunto debatido principalmente pelo contraponto entre a competição desenfreada pelo lucro e as atitudes que priorizam o contexto, o outro, o profissional. No movimento de evolução da responsabilidade das organizações, foi se ampliando a percepção da necessidade de maior envolvimento das demais partes interessadas, além de acionistas, clientes e fornecedores. Nesse processo de compreensão de outros agentes que interferem na longevidade dos empreendimentos, percebe-se uma sociedade posicionada, que interage rapidamente, devido às tecnologias de comunicação, e que muda a história não só de empresas, mas de nações. Mais recentemente, com o movimento da sustentabilidade, a ética tornou-se ainda mais fundamental para o estabelecimento e manutenção de uma empresa. Governança corporativa, sustentabilidade, ética nos negócios, balanço social, empresa cidadã, responsabilidade social são assuntos correlacionados que nos remetem a questões centrais da ética pessoal e corporativa. Escândalos e queixas generalizadas na sociedade, na política, nos mercados e suas empresas, e em todos os segmentos que de alguma forma envolvem ganho financeiro ou até mesmo de status, provocaram a emergência de uma comunidade global sedenta por respeito nas relações de qualquer natureza.

O Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios instituiu um Programa de Responsabilidade Ética Empresarial, que pretende contribuir para a atuação ética principalmente de micro, pequenas e médias empresas pela melhoria da qualidade na Atuação Responsável Empresarial. Conforme seu documento,

a ética nos negócios deve envolver:

  • a preocupação com atitudes Éticas e moralmente corretas que afetam ou venham a afetar todos os stakeholders envolvidos;
  • a promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direitos humanos, de cidadania e da participação da sociedade;
  • o respeito ao meio ambiente e a contribuição para sua sustentabilidade em todo o mundo;
  • o maior envolvimento nas comunidades em que se insere a empresa, contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, em parceria com governos ou isoladamente”. (INSTITUTO BRASILEIRO DE ÉTICA NOS NEGÓCIOS, 2008, p. 20)

Gráfico 4 - Aumento dos códigos empresariais nas empresas do Fortune Global

Fonte: Transparency International, 2009.

Atualmente, uma prática comum nas empresas é a criação de códigos de ética e de conduta. Isso não é um instrumento essencial, mas, caso seja adotado, deve estimular a vivência prática de seu conteúdo diariamente na organização. O código de ética deve ser desenvolvido pela própria empresa, sua cultura, expressando suas expectativas quanto à conduta de seus colaboradores, em quaisquer níveis, e tem a vantagem de aumentar a integração entre os funcionários, criar um bom ambiente de trabalho, estimular o comprometimento e melhorar a imagem da organização junto aos clientes, concorrentes e fornecedores.

Figura 2 - Medidas do Fortune Global para incorporar Códigos de Ética

Fonte: Transparency International, 2009.

O Instituto Ethos, em parceria com a Controladoria Geral da União, desenvolveu um programa chamado Empresa pró-ética. O programa tem caráter voluntário que avalia e divulga as empresas voluntariamente engajadas na construção de um ambiente de integridade e confiança nas relações comerciais, inclusive naquelas que envolvem o setor público.