Comentários finais

A reestruturação do modelo de negócios da Microinvest – que hoje opera sob a marca Itaú Microcrédito – abordou os principais fatores geralmente apontados 38 como críticos para que se amplie a oferta de crédito comercial para microempreendimentos, e, consequentemente, a inclusão no mercado de crédito: a redução da assimetria de informações entre banco e cliente (i.e., a insuficiência ou baixa confiabilidade das informações sobre a empresa), a redução dos riscos da operação de crédito e a redução dos custos da concessão do crédito.

O Itaú Microcrédito opera hoje principalmente no Sul e Sudeste, onde se encontram mais de 65% dos microempreendedores informais urbanos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e onde o acesso ao crédito produtivo ainda é escasso. A empresa aponta as assimetrias de informação que envolvem a população de baixa renda como uma das responsáveis (crédito ainda caro e/ou com montantes insuficientes). Por outro lado, a empresa reconhece que o sobre-endividamento dessas populações seria uma ameaça a seu modelo de negócios e à sustentabilidade do microempreendedor.

No esforço de diluir os altos custos relativos do microcrédito, a ampliação responsável da escala e do volume de produtos microfinanceiros requer um equilíbrio delicado, em se tratando de um cliente com poucos recursos de apoio e alta vulnerabilidade. A proximidade do agente de crédito com o microempreendedor do modelo aqui apresentado contribui para reduzir esse risco. O investimento na capacitação do agente, para que este seja capaz de uma leitura responsável da realidade do cliente in loco (ao invés de esperá-lo e avaliá-lo na agência), aumenta as chances e reduz riscos para o banco e para o microempreendedor, e a educação financeira transmitida deixa o potencial de avanços no médio e longo prazos. O levantamento mais abrangente da evolução desses microempreendedores, incluindo indicadores de impacto socioeconômicos em seu entorno, enriqueceriam essa avaliação.

O novo modelo, além de contribuir para que o banco dê corpo, no core business, a suas estratégias de sustentabilidade, pode gerar novos negócios por meio do compartilhamento do conhecimento adquirido junto ao público de baixa renda, através do Itaú Projetos Cooperados.