Mistura de papéis e o papel do poder público

A única fonte de recursos para os projetos é a AngloGold. O poder público entra como parceiro na maioria dos casos, mas na função de recipiente de recursos de apoio. "Esse é, inclusive, um requisito apontado na cartilha: apoiar projetos que não sejam atendidos pela rede pública. Caso contrário, vamos fazer o papel do poder público. Nós somos um dos agentes de desenvolvimento, não podemos ser o agente”, salienta Dirlene.

Dirlene aponta que tanto o poder público quanto as próprias ONGs possuem certa dificuldade de entender o papel das empresas e as responsabilidades de cada um dos atores. “Por exemplo: a prefeitura vem e nos diz: 'gostaria que vocês asfaltassem as ruas’, ‘gostaria que você calçasse pra mim o centro da cidade’. Uma coisa é a gente asfaltar uma estrada por onde vamos passar com caminhão de minério e estaremos impactando, aí é nossa obrigação. Outra coisa é ter que cuidar de uma obrigação do poder público, e para isso pagamos impostos”, ilustra.

Isso se estende também à população, muito pelo fato de a relação da comunidade com a empresa ser mais estável, ou duradoura, do que sua relação com o próprio governo, já que este se modifica ao longo dos anos. “Principalmente aqui em Nova Lima, onde operamos há cerca de 180 anos”, diz ela.

Por outro lado, ela ressalta que há uma responsabilidade muito grande das pessoas ao tratar o recurso doado pela empresa. Houve casos em que os próprios representantes da comunidade na comissão avaliaram que o projeto rodaria com uma quantia menor do que a pleiteada.