Metas de redução de CO2 na cadeia produtiva

As metas mundiais e dos países de redução de emissão de gases de efeito estufa já são conhecidas desde a ratificação do Protocolo de Quioto e, mais recentemente, da meta do G8 em reduzir as emissões de dióxido de carbono em 50% até 2050.

No encontro da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC ou FCCC), em Cancún, México, no final de 2010, as metas foram revistas, e cada país deveria rever seus progressos, focando no aumento máximo de 2 graus centígrados até 2050.

Conforme um relatório publicado no site de Yale University, as 500 milhões de pessoas mais ricas do planeta, 7% da população global, são responsáveis por 50% das emissões de CO2 no mundo. As 500 milhões mais pobres são responsáveis apenas por 7% das emissões. As agendas seriam necessárias, já que o excesso de população não seria necessariamente um problema e sim o excesso de consumo. Contudo, nas conferências e análises, o crescimento populacional tem sido levado em conta para delimitação das estratégias.

No encontro de Cancún, foram estabelecidas instituições para apoiar as políticas globais de redução de emissão de gases de efeito estufa, desde nos aspectos financeiros (Green Climate Fund) até aspectos adaptativos, prevendo impactos negativos das mudanças climáticas (Adaptation Framework). Estamos em um momento crítico, já que os acordos do Protocolo de Quioto quanto às cotas de países desenvolvidos acabam em 2012 e devem ser renegociados em novos encontros. Os países se propuseram também a continuar negociações em 2011, focando as metas a 2050, mantendo e ampliando o mercado de carbono e reduzindo as metas individuais.

As metas estabelecidas pelos países são passadas para as empresas, que devem fazer mudanças internas e influenciar suas cadeias produtivas.

Até 2010, o Brasil era o terceiro país em geração de créditos de carbono. Os inventários de carbono são feitos por empresas para gerar créditos, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), para neutralizar suas emissões e fazer marketing ambiental. Alguns ramos industriais dependem de mudanças na cadeia para melhorar seus próprios desempenhos. Se a matéria-prima não for sustentável, principalmente em termos de emissão de gases de efeito estufa, todo o processo a partir dela fica comprometido.

Há diversas iniciativas voluntárias de empresas na redução própria de emissões e na influência de sua cadeia produtiva. A indústria de aço, por exemplo, desde a Conference of the Parties 15 (COP-15), na Dinamarca, já havia assumido metas voluntárias de redução, principalmente com a troca de combustíveis (carvão mineral, que representava 70% da produção, para vegetal, 5% da produção), o que influenciaria toda uma cadeia.

Com iniciativas voluntárias ou impostas por governos ou setores industriais, a tendência é que se aumente a pressão para uma agenda climática focada na redução da emissão de gases de efeito estufa. Programas como o Carbon Disclosure Project pretendem auxiliar as organizações a avaliarem suas “pegadas ambientais” e a criarem medidas, bem como fiscalizarem ou criarem metas para sua cadeia de valor. Cada vez mais organizações se voluntariam nessa direção, que se tornam, inclusive, indicadores de sustentabilidade para linhas de crédito e seleção de fornecedores.