Gestão de resíduos

A geração de resíduos é um problema de todos os processos e que tem demandado atenção global para solução. O objetivo da sua gestão é aproveitar ao máximo a matéria-prima e reduzir a sua geração. É um problema exclusivo da espécie humana, já que os ambientes naturais são harmônicos e os resíduos de uns processos são consumidos em outros.

Aqui abordamos tanto os resíduos produzidos pelos processos empresariais como o lixo oriundo das cidades.

Com relação ao lixo produzido pela sociedade brasileira, nosso desequilíbrio faz com que ele se transforme numa fonte de sustento para milhares de pessoas, adultos e crianças, homens e mulheres. Segundo a UNICEF, 45 mil crianças e adolescentes brasileiros vivem da garimpagem do lixo.

Um grande problema vinculado aos resíduos é a chamada síndrome NIMBY – Not in my back yard (não no meu quintal). A população e as organizações cobram soluções dos gestores, mas não se envolvem. Ainda que seja considerada uma questão de saúde pública, as soluções são pontuais e cobradas de terceiros, sem a participação social.

De acordo com técnicos no assunto, a gestão dos resíduos consiste na redução da geração do mesmo, alterando processos e produtos; na geração de resíduos que possam ser reutilizados em outros processos, ou mesmo reciclados; na redução da periculosidade dos resíduos gerados, ou em soluções de tratamento que o façam; na geração de energia, caso o resíduo tenha potencial para tal ou caso o balanço seja mais interessante que processos de reciclagem. Ainda que impossível, a geração zero de resíduos deve ser a meta para os sistemas de gestão. A coleta seletiva é um dos principais passos para a gestão dos resíduos porque a mistura inviabiliza o aproveitamento da matéria-prima presente no mesmo. Logo, a separação na fonte, no momento de produção, é fundamental para a destinação correta de cada material.

Um exemplo interessante constantemente mencionado nos sistemas de gestão de resíduos urbanos e industriais é a cidade de Yokohama, no Japão. A cidade criou várias categorias de separação de resíduos sólidos que são seguidas em cada casa, por responsabilidade do proprietário. Cada classe possui uma destinação e um tratamento adequado, garantindo baixa disposição em aterros e incineração.

Especialistas também afirmam que o problema do lixo já deixou de ser simplesmente uma questão de gerenciamento técnico para inserir-se em um processo orgânico de gestão participativa, dentro do conceito de gestão integrada de resíduos sólidos.

A disposição final de resíduos sólidos gera problemas vinculados não só à desvalorização do terreno, geotecnia e estabilidade como também às mudanças climáticas. O processo de decomposição gera biogás, contendo metano, um importante gás do efeito estufa. Diversos sistemas de disposição estão conseguindo créditos de carbono, contribuindo para diminuir a emissão de biogás tanto pela desativação dos lixões quanto pela implantação de aterros sanitários, com o consequente tratamento dos gases produzidos pela decomposição da matéria orgânica dos resíduos sólidos.

Em 2010 foi lançada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, trazendo novidades sobre a logística reversa. O reverso da logística se propõe a contrapor ao modelo atual denominado “one way” (via única), em que os resíduos não voltam como insumos para as indústrias e fábricas, mas ficam nas ruas, rios e terrenos indo para os lixões, sendo parte integrante do paradigma econômico do “jogar fora”.

Há movimentos internacionais que visam à gestão consciente dos resíduos sólidos desde o processo produtivo. Um movimento bastante interessante é o SMART – Save Money and Reduce Trash (economize e reduza lixo), que foca no consumo desnecessário e na conscientização da população.