Gestão da água

Um dos temas mais discutidos na sustentabilidade ambiental há anos é a questão da água. Contudo, atualmente o tema tem ganhado nova visibilidade, seja pelos movimentos globais, seja por uma pressão crescente, que exige ações imediatas. Agricultura, aumento populacional, crescimento econômico e industrialização contribuem pelo aumento da demanda de água limpa. Acrescendo os impactos das mudanças climáticas, a escassez de água já ocorre em alguns mercados emergentes e em partes do mundo desenvolvido (SAM YEARBOOK, 2011).

No estudo CEO 2010 do Global Compact, os assuntos que apareceram no horizonte eram saúde e diminuição de recursos, principalmente de água. Escassez de água pode causar riscos operacionais, regulatórios e de reputação às organizações. Líderes que menosprezam a questão da água subestimam os possíveis impactos que esse recurso pode ter no processo produtivo, incluindo custos, interrupções e perda de licenças, por exemplo (SAM YEARBOOK, 2011).

Em 2010, houve alguns movimentos quanto à divulgação do desempenho das organizações em termos de uso da água. São eles: lançamento do World Resources Institute’s (WRI) Water Index, publicação da CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) sobre o risco corporativo da água, divulgação das expectativas dos investidores do Norges Bank em termos de gestão das águas, lançamento do CEO Water Mandate Evaluative Framework for Responsible Business Engagement with Sustainable Water Management, entre outros. O Carbon Disclosure Project, projeto internacional de divulgação das pegadas de carbono, instituiu também o Water Disclosure Project como uma forma de avaliar os gastos e os impactos dos processos industriais na água.

O relatório da ONU sobre o desenvolvimento dos Objetivos do Milênio (MILLENIUM DEVELOPMENT GOALS REPORT, 2011) diz que a proporção de água usada por um país é um indicador complexo. Acima de um determinado ponto de extração de água, haverá estresse ambiental e divisão desigual do recurso (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Retirada de água superficial e subsuperficial como um percentual de recursos renováveis de água, levando em conta dados de 2005

Fonte: Millenium Development Goals, 2011

No relatório Visão 2050 do CEBDS, a água deverá incorporar os custos das empresas, que hoje ainda é considerada uma externalidade. A percepção é de que:

o crescimento das populações, a urbanização e a mudança climática aumentarão a pressão sobre os recursos hídricos e acelerarão a necessidade de novas soluções para o tratamento, a conservação e a melhoria do acesso à água em todos os ambientes. A diversidade de fontes de água locais, de práticas agrícolas e industriais e de taxas de crescimento populacional significa que será necessária uma grande variedade de soluções. (WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMEN – WBCSD, 2010, p.44) 5

No relatório do Secretário Geral da ONU sobre sustentabilidade global, publicado em 2012, uma das propostas fala da junção entre alimentação, água e energia. Esses assuntos não podem ser tratados separadamente, e sim como um anexo. A segurança alimentar depende da segunda revolução verde, mas que não pode acontecer sem a gestão correta da água e da energia, conforme os princípios da sustentabilidade.

O Yearbook da SAM de 2011 trouxe uma seção especial sobre a água, avaliação de impactos e forma de divulgação de resultados. “À medida que o mundo lida com o aumento da escassez de água limpa, empresas estão enxergando a água como um desafio corporativo emergente e globalmente relevante”. Ainda coloca que a solução para o problema está nas mudanças políticas. Sugere que, num nível global, as diversas partes interessadas devem se organizar no sentido de desenvolver uma regulamentação para o uso e comércio do recurso.