Como integrar a sustentabilidade ao planejamento estratégico... e tático?

Até 2009, o planejamento da sustentabilidade não era integrado ao planejamento estratégico. A área de sustentabilidade corporativa desenvolvia o plano de ação em paralelo e tinha seu próprio orçamento, realizado em conjunto com a área de sustentabilidade de cada unidade de negócio.

A partir de mudanças realizadas na área de planejamento estratégico da holding em 2010, ocorreu a integração da sustentabilidade ao planejamento estratégico – a área deixou de ter cronograma e iniciativas separadas, passando a acompanhar os processos do planejamento estratégico e as atribuições às unidades de negócio.

A partir dessa integração ao nível macro do planejamento, os desdobramentos no nível tático passaram a evidenciar as implicações das decisões de investimento em relação às variáveis de sustentabilidade. O processo usual de avaliação de investimentos (nos casos de aquisição de empresas, de abertura de unidades produtivas, de compra de equipamentos, por exemplo) não inclui elementos de sustentabilidade, a não ser na etapa de due diligence, cujo propósito é avaliar as contingências legais. Assim como em outras empresas, era nesse momento de análise de contingências ambientais, trabalhistas e jurídicas que o tema da sustentabilidade entrava na avaliação de investimentos do Grupo Camargo Corrêa.

Depurando o desafio: inclusão das variáveis de sustentabilidade na avaliação financeira de novos negócios

O desafio foi criar uma maneira de apresentar, de modo transparente, as implicações financeiras das opções de investimento considerando as diversas variáveis relacionadas à sustentabilidade para que o acionista pudesse tomar decisões de modo mais consciente. Fazer com que cada unidade de negócios, ao fazer um investimento, explicite ao acionista as opções disponíveis e seu respectivo impacto nas variáveis materiais de sustentabilidade daquele determinado investimento.

A questão que se colocou foi assumir, por um lado, uma postura realista, mas oferecendo opções de se manter ou elevar a barra no que se refere aos padrões de sustentabilidade. Apresentar a contabilidade de forma explícita, permitindo que as decisões sejam tomadas com base nos valores e crenças de um lado, e dados financeiros do outro.

Na percepção da diretoria de sustentabilidade, o tema já havia avançado significativamente entre os presidentes das unidades de negócios, mas não havia sua aplicação prática em uma direção de investimento. O assunto já chegava às decisões estratégicas, mas se perdia em seus desdobramentos táticos, quando voltava a se tornar um “anexo”. O desafio proposto foi: como eu incluo as variáveis de sustentabilidade nas avaliações financeiras feitas pelas áreas financeiras e gestores de projetos? Como fazer com que as variáveis de sustentabilidade deixem de ser algo anexo e sejam de fato incorporadas nos processos de investimento?

Com esse desafio posto, a equipe de planejamento estratégico da holding, hoje liderada por Lívio Kuze, iniciou um projeto com o objetivo de estabelecer uma metodologia de avaliação de investimentos sob a ótica do triple bottom line.