Inovação e sustentabilidade

Inovação e sustentabilidade são assuntos intimamente ligados e que devem ser igualmente considerados pelas organizações que querem ter um lugar no futuro. Conforme Albert Einstein, insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. A solução para os novos problemas está na inovação. As respostas aos desafios da insustentabilidade ambiental, econômica e social virão em forma de novas ideias, comportamentos, métodos e processos.

Ferreira e Kiperstok (2007), em uma primeira análise do termo inovação, apresentam um conceito geral. Para eles a inovação é entendida, em sentido amplo, como um fazer de maneira diferente, com a emergência de novas ideias que surgem da criatividade humana. Ainda colocam que seria uma nova abordagem para uma ocorrência do dia a dia ou para um dilema existente, que permite a originalidade na resposta. Outros autores dão a essa ideia uma abordagem pragmática, alegando que inovação é diferente de invenção. A invenção, seja ela a ideia de um novo processo ou objeto, produto, máquina etc., só se tornará uma inovação quando de fato for introduzida no mercado e passar a ter um valor econômico.

A competitividade pode ser buscada através de inúmeras estratégias. Dentre algumas, podemos citar redução do preço, redução de custos, busca por locais com menores cargas tributárias, incentivos governamentais etc. E também a inovação é um instrumento para aumento da competitividade. A inovação, portanto, está intimamente ligada ao modelo econômico vigente e é fundamental para a estrutura de mercado e sustentabilidade econômica das empresas.

A noção da sustentabilidade e da Economia Verde são paradigmas que ainda possuem uma conceituação genérica e em construção. Dessa forma, não há como negar a incipiência do tema e seu caráter de novidade. Diversos autores argumentam que objetivos e metas que visam a um resultado sustentável possuem como motor uma necessidade contínua de se inovar.

A união entre os temas de sustentabilidade e inovação pode ser percebida tanto pelas conceituações quanto pelas ações nesses campos de interesse.

A inovação tecnológica e gerencial apresenta novas formas de se produzir, gerir ou fazer negócios, aproveitando mercados ainda não explorados ou mesmo melhorando o marketing da empresa, resolvendo conflitos com os próprios instrumentos de mercado. O documento Visão 2050, do WBCSD, apresenta a inovação como um dos objetivos empresariais para as próximas décadas, em que as empresas possam inovar e usar as soluções para minimizar as desigualdades.

O Instituto Ethos possui um prêmio de Inovação em Sustentabilidade, com objetivo de apoiar iniciativas inovadoras de associações comunitárias, empreendedores sociais, institutos de pesquisa, micro e pequenas empresas, ONGs e universidades que já tenham apresentado sucesso e que tenham potencial de serem aperfeiçoadas e/ou ganharem escala (reaplicação, expansão ou transferência).

Atualmente já percebemos diversas iniciativas de inovação, que estão provocando um repensar de produtos, serviços e processos em diversos setores, provocando as primeiras “contrações” para o “esverdeamento” dos diversos mercados.

Para fins de ilustração, podemos citar:

  • No setor de geração, transmissão e distribuição de energia, já existem diversas experiências de desenvolvimento e operação de fontes alternativas ao recurso fóssil, baseadas em elementos naturais abundantes, tais como energia solar, eólica e ondas marítimas.
  • Na indústria automobilística também já se desenvolvem alternativas para os combustíveis fósseis. São algumas delas: energia solar; células de combustível (processo eletroquímico para geração de energia elétrica); hidrogênio e biocombustíveis. No setor, além de se buscar constantemente aumento da eficiência energética, a elevação do índice de reciclagem dos componentes dos automóveis, também, já é realidade.
  • Em termos globais, a construção civil é responsável por um terço das emissões dos gases do efeito estufa. O setor vem desenvolvendo diversas iniciativas de racionalização do seu processo produtivo. Por exemplo, utilização de resíduos no canteiro de obras, industrialização do processo de construção, quando no canteiro são feitas montagens de partes pré-fabricadas, edifícios sustentáveis, que, além de racionalizarem a utilização de materiais construtivos, minimizam o desperdício e consumo de recursos na sua operação, como água e energia, além de se tornarem espaços mais aprazíveis para a convivência humana.
  • Na indústria de eletroeletrônicos, ao longo dos últimos anos, tanto o peso dos produtos como seus níveis de consumo de energia vêm caindo vertiginosamente. Outra iniciativa que tem se intensificado no setor são os serviços relacionados à logística reversa, que atentam para o descarte adequado dos produtos pós-consumo.

Concluindo este tema, podemos dizer que já estamos vivendo em dois mundos simultaneamente, com duas culturas e tipos de mercados que se complementam, enquanto coexistem em processo de transição. Mas ganha ritmo, com adeptos conscientes e presentes nos diversos papéis constituintes das sociedades, as articulações e regulamentações para se reorientar os comportamentos dos mercados, no sentido de se promover o sucesso de empreendimentos socioambientalmente mais responsáveis, provocando a emergência do que tem sido nomeado de uma “economia verde”.