Contexto na empresa

A ETH Bioenergia produz e comercializa etanol e açúcar VHP e cogera energia elétrica a partir da biomassa. Fundada em julho de 2007 pela Organização Odebrecht, sua controladora, a ETH, foi concebida tendo como missão e visão tornar-se uma empresa líder em bioenergia, focada na criação de valor para todas as partes interessadas no negócio, tendo como estratégias a competitividade, a sustentabilidade e o foco nas pessoas.

Com sede na cidade de São Paulo, a empresa possui sua base de operação no Brasil, com unidades agroindustriais em quatro estados brasileiros: São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Sua produção de etanol é vendida às distribuidoras de combustível e à indústria química e petroquímica para a produção de biopolímeros. Toda a produção de açúcar é exportada. A energia que cogera lhe dá autossuficiência energética, e o excedente é vendido para a o sistema elétrico brasileiro e para o mercado livre.

Em 2008, a ETH adquiriu sua primeira unidade – Eldorado, no Mato Grosso do Sul. Nesse mesmo ano, iniciou o projeto para construção de três greenfields (construção das usinas), financiados pelo BNDES, os quais exigem em contrapartida que sejam realizados investimentos sociais visando amenizar os impactos nas comunidades onde os empreendimentos serão instalados.

De 2008 para 2009, foram definidos os montantes relativos às compensações socioambientais. Nessa época, a ETH estava formando sua estrutura, e Carla Pires foi contratada como Diretora de Sustentabilidade, tendo entre seus principais desafios montar um programa de responsabilidade social nos três municípios e submeter para aprovação do BNDES. Dentre os caminhos possíveis, a escolha foi por um modelo relativamente mais trabalhoso, porém mais consistente. “Nossa proposta foi construir um programa de relacionamento com a comunidade e com o governo onde tivéssemos a participação de ambos na definição das prioridades de investimento da ETH. Não decidimos [a empresa] nada sozinhos, nem o prefeito. Enquanto o prefeito quer, por exemplo, uma ambulância, as comunidades querem um posto de saúde adequado, com atendimento 24h, ou um hospital, dependendo do tamanho do município”, diz Carla.

Com o apoio de uma ONG facilitadora, especializada em educação para a sustentabilidade e mobilização comunitária, foi estruturado um modelo participativo que se baseia na criação de um Conselho Comunitário em cada município, com a representação máxima do governo local – o prefeito e outro representante por ele indicado –, a representação máxima da ETH local – o superintendente local e o gerente de pessoas –, e são escolhidas lideranças da comunidade. Esse fórum é responsável por validar ou solicitar ajustes para que os projetos, submetidos por Comissões Temáticas também tripartites, sejam aprovados e implantados.

O papel do Programa na ETH

O Energia Social ficou definido como o grande guarda-chuva de projetos socioambientais da ETH nas nove comunidades onde hoje atua: Caçu, Cachoeira Alta, Mineiros e Perolândia, em Goiás; Alto Taquari, no Mato Grosso; Costa Rica e Nova Alvorada do Sul, no Mato Grosso do Sul; Mirante do Paranapanema e Teodoro Sampaio, em São Paulo. Isso significa que qualquer demanda por contribuição da empresa a projetos deve passar pela estrutura do Programa.

A área de sustentabilidade da empresa atua no nível corporativo e é responsável pela coordenação do programa, mas a implantação é local. Como a área não tem pessoas nas usinas, é o superintendente local quem deve se apropriar do programa, defendê-lo, participar das reuniões, validar processos etc. Por outro lado, a centralização da aprovação de verbas na diretoria de sustentabilidade assegura que os recursos do Energia Social não sejam utilizados em demandas locais que não passem pelos processos do Programa – como a solicitação de patrocínios ou mesmo cursos de qualificação profissional de funcionários da ETH na comunidade.

Para efetivar sua implantação, o Programa contou com o apoio do presidente e teve no vice-presidente de Pessoas, Comunicação e Sustentabilidade (ao qual a diretoria de Sustentabilidade é ligada) seu maior sponsor, tanto interna quanto externamente. Carla conta que esse apoio da liderança foi fundamental para garantir o propósito do Programa, dado que ele exige reuniões mensais que incluem a participação do superintende local e outros integrantes da empresa, e deve haver um entendimento inclusive interno de que o programa não é assistencialista. “Não se trata de simplesmente repassar o dinheiro para determinados projetos que o prefeito definiu e ficarmos tranquilos de que fizemos nosso papel como empresa socialmente responsável. Não é isso”. Para reforçar essa ideia, o Programa é monitorado por indicadores, com a preocupação de acompanhar não o quanto se investe na comunidade, mas como foi feito o investimento e em quais benefícios ele se reverteu, para quem.”Caso contrário posso pulverizar o dinheiro em diversas iniciativas que não conversam entre si e não promovem desenvolvimento local, não têm garantia de sucesso, mas posso dizer que investi 12 milhões de reais. Não queremos isso com o Programa”, explica.