Programa de Redução de Emissões de GEE (PREGEE)

Como uma forma de sistematizar o atendimento contínuo aos compromissos da Carta, a empresa implementou, em 2011, o Programa de Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa (PREGEE). A gestão de emissões em nível corporativo é orientada pelo PREGEE, que, por sua vez, está alinhado ao Sistema de Gestão Integrada (SGI) da Construtora. Além disso, o procedimento corporativo PS AG 220 11 – Objetivos, Metas, Programas e Estratégias possui indicadores específicos cujo cálculo se baseia nas mesmas informações utilizadas para o inventário de emissões de GEE, tornando-se, portanto, passível da mesma gestão estratégica.

Quadro 5 – Engajamento de Fornecedores

O PREGEE é estruturado segundo uma abordagem ampla, sendo dividido em seis etapas de implantação, abrangendo 6:

1. “Revisão e elaboração de procedimentos corporativos.

2. Monitoramento da gestão das emissões através de indicadores específicos de pegada carbônica e determinação de metas especiais às áreas e obras.

3. Estruturação e implementação de projetos de redução de emissões.

4. Incorporação do conceito de mudanças climáticas no Comitê do Programa Andrade Gutierrez de Inovação Tecnológica, criando incentivos para as obras desenvolverem projetos de redução de emissões.

5. Informatização do Inventário de Emissões de GEE.

6. Engajamento externo em políticas públicas que visam à redução de emissões de GEE, como a participação do Programa Brasileiro GHG Protocol e Fórum Clima.” (ANDRADE GUTIERREZ, 2010, p.11)

A implementação do Programa teve início em 2011. As principais fases já finalizadas são a de revisão de procedimentos corporativos, a criação de indicadores específicos de pegada carbônica e a informatização do inventário de emissões de GEE.

A empresa começou revendo uma série de procedimentos visando incorporar a gestão de emissões de GEE aos diversos processos já existentes, ou criando novos, de modo que fosse incluída entre os componentes a serem analisados em cada obra. Encontra-se em desenvolvimento também um manual para gestão das emissões de GEE direcionado para a gestão em campo por parte das obras. Além disso, a gestão de emissões foi integrada aos processos de auditoria interna e à análise de desempenho geral da empresa.

Foi determinada também a necessidade de que a contribuição para as mudanças climáticas seja levada em consideração nos processos de identificação e avaliação de impactos ambientais. Visando à redução de consumo de energia e combustível (referentes aos Escopos 1 e 2), o Programa prevê o desenvolvimento de módulos de treinamento e campanhas corporativas.

Com sua plena implementação, o PREGEE afetará diversos níveis do funcionamento da empresa, desde a operação das obras, passando pela gestão das informações, até o impacto na decisão estratégica de compra de produtos e serviços, que extrapola os limites operacionais da Andrade Gutierrez e influencia a cadeia de fornecedores – o que impacta nas emissões do Escopo 3.

A partir do mapeamento de processos críticos e o estabelecimento de um perfil de emissões, a empresa prevê também determinar metas de redução para novos empreendimentos, que seriam escalonadas e desdobradas para os níveis operacionais da obra.

Cadeia de fornecedores

A implantação do PREGEE prevê foco especial no envolvimento da cadeia de suprimentos, em que a empresa pretende não apenas sensibilizá-la quanto à importância do tema mudança climática para sua estratégia de negócios, mas também dar preferência aos fornecedores que ofereçam produtos e serviços com o menor fator de emissão de GEE, fazendo parcerias com companhias aéreas, fornecedores de cimento, aço, biocombustíveis etc.

Para isso, a partir de um mapeamento dos fornecedores críticos no que se refere a emissões de GEE, a empresa solicitará o envio do inventário de emissões e incluirá cláusulas contratuais tratando do envio de informações relevantes ao tema para a Andrade Gutierrez, como fatores de emissão de GEE e consumo de combustível. Essas ações contribuem não apenas para aumentar a qualidade do inventário da empresa no que se refere ao Escopo 3 do GHG Protocol, mas também para influenciar a cadeia de valor no sentido de fomentar o desenvolvimento do tema e reduzir as emissões como um todo, seguindo em busca de uma economia de baixo carbono.

Com o amadurecimento de todo o processo, a empresa pretende estabelecer metas de participação de determinados produtos de peso significativo no total de emissões, como cimento e aço.

Integração de dados: maior agilidade e confiabilidade na gestão da pegada carbônica

Para viabilizar a plena implantação do Programa de Redução de Emissões de GEE, a integração dos dados constitui ferramenta crítica. Os benefícios da implantação do sistema vão além da agilidade na produção do inventário de emissões de GEE, já que a informatização confere também maior confiabilidade nas informações do inventário, conforme apontado e, principalmente, permite a avaliação da efetividade de decisões, ações e projetos implantados ao longo dos três escopos de emissões de GEE.

A grande vantagem será o fornecimento de maiores informações sobre a pegada carbônica no processo de tomada de decisão, facilitando a gestão estratégica e operacional em busca de uma economia de baixo carbono. “A partir da elaboração do inventário, estamos trabalhando nas principais fontes de emissão com foco no aumento de eficiência, tais como a renovação da frota de equipamentos e consumo de materiais com menores fatores de emissão”, ilustra João Gilberto. Isto tornará o sistema um importante veículo de conhecimento e disseminação dos conceitos relacionados a mudanças climáticas – segundo João Gilberto, facilmente confundidos com poluição atmosférica no setor de construção pesada.

A estratégia de integração dos dados para a completa informatização do inventário de emissões de GEE foi implantada após um primeiro teste com o inventário de emissões de 2010, que já foi aprovado e certificado por auditoria de terceira parte. A meta global do projeto de que o inventário de 2011 fosse 100% informatizado e entregue ao GHG Protocol até o dia 30 de maio de 2012, foi atingida, sendo a AG a única construtora a receber o Selo Ouro em 2011, concedido apenas para empresas que apresentam um inventário completo e verificado por terceira parte.

Nessa fase de estruturação do sistema de gestão, a empresa ainda não estabeleceu metas de redução, mas a expectativa é de que busque a redução das emissões relativas de GEE de suas operações (Escopo 1) a partir dos indicadores monitorados pela ferramenta.

Em 2011, as emissões diretas e indiretas (Escopos 1 e 2) da Andrade Gutierrez totalizaram 80.785,85 tCO2e. Foram emitidas ainda 2.731.176,36 tCO2e a partir de outras emissões indiretas (Escopo 3) – que concentram, portanto, a maior parcela de emissões da AG.

Tabela 1 - Emissões diretas e indiretas de Gases de efeito estufa em 2011.

Fonte: RELATÓRIO ANUAL GRUPO ANDRADE GUTIERREZ, 2011 8

O PREGEE definiu como principal estratégia para a redução de emissões diretas (Escopo 1) a renovação dos equipamentos e veículos do patrimônio da empresa, visando à eficiência no consumo de combustível. As emissões indiretas referentes ao Escopo 2 representam a menor parcela do montante quantificado em função do baixo fator de emissão da matriz energética brasileira e contam com campanhas de redução do consumo de energia nas obras e escritórios. As outras emissões indiretas do Escopo 3, contudo, contabilizam parcela superior a 99% do total, representando a maior oportunidade de redução de emissões – ainda que fora do controle da empresa. Para enfrentar o desafio, a Andrade Gutierrez atua no sentido de influenciar as cadeias de produção de aço e de cimento (as mais representativas no volume total de carbono emitido), ainda que indiretamente. Além disso, busca-se a substituição de deslocamentos aéreos por videoconferências.