Gestão de emissões:Informatização do inventário

Inventário: metodologia GHG Protocol

O inventário se baseia na metodologia Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol), uma ferramenta internacionalmente utilizada por empresas e governos para a quantificação e gerenciamento das emissões de GEE. Desenvolvida originalmente pelo World Resources Institute (WRI) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), a metodologia foi adaptada para o contexto brasileiro no âmbito do Programa Brasileiro GHG Protocol, liderado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas.

A partir dos resultados obtidos com o inventário, a empresa traçou uma estratégia de contribuição para o combate às mudanças climáticas, buscando metas de redução de emissões para cada fonte de GEE e a redução de custos e desperdícios.

A consolidação do inventário cobriu as operações da empresa no Brasil e na América Latina, abrangendo emissões diretas (escopo 1) e indiretas (escopos 2 e 3) de suas atividades (veja as atividades da AG envolvidas em cada escopo na figura 1).

O Programa Brasileiro GHG Protocol orienta que o Escopo 1 deve abordar as emissões diretas provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela organização. O Escopo 2 refere-se a emissões de GEE indiretas, provenientes da aquisição de energia elétrica e térmica que é consumida pela empresa, e o Escopo 3 é uma categoria de relato opcional, que engloba todas as outras emissões indiretas. As emissões do Escopo 3 ocorrem em fontes que não pertencem ou não são controladas pela empresa, mas são decorrentes das atividades desta (por ex. extração e produção de matérias-primas e outros materiais que são efetuadas por outra empresa, mas utilizados nos processos da empresa que está elaborando o inventário) 5.

As diretrizes do Programa Brasileiro GHG Protocol colocam como opcional o relato de emissões de Escopo 3, mas recomenda seu relato, já que esse conjunto de emissões contribui significativamente para o total de emissões das empresas. Esse é justamente o caso da Construtora, por conta da alta participação das emissões relativas a produtos como aço e cimento.

Os dados relatados foram verificados por terceira parte, e o inventário de emissões de gases de efeito estufa da empresa é o único certificado no setor da construção pesada no Brasil.

Figura 1: Atividades da AG abordadas por escopo

Fonte: ANDRADE GUTIERREZ, 2011

Identificação de dificuldades e pontos de aprimoramento

Com o pioneirismo no setor de obras pesadas, a AG identificou as principais dificuldades e pontos de melhoria para inventariar todas as suas unidades. A ampla distribuição das obras geograficamente, e ao longo do tempo, contribui para a dificuldade de se inventariar de forma corporativa o setor. Fazer o inventário de emissões de GEE com um universo de 4 escritórios administrativos, 7 obras na América Latina e 27 obras no Brasil – atividades da empresa em 2010 – consumia praticamente 4 meses de trabalho, entre planejamento, levantamento de dados, validação dos mesmos, lançamento em planilhas, cálculo e verificação por terceira parte. Além do tempo despendido, a dinâmica que envolve o encerramento das obras dificulta a obtenção de informações, aumentando a incerteza do resultado.

Frente ao compromisso público assumido bem como à complexidade inerente ao setor de construção, a estratégia de viabilização adotada foi a informatização do inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Integração de sistemas e cálculo mensal

O objetivo do projeto de informatização do inventário é diminuir o tempo gasto para inventariar as emissões de GEE, permitindo levantamentos com periodicidade mensal, o que contribui significantemente para a gestão das emissões de GEE. Isso é possível através da integração dos sistemas de suprimentos e de gestão da empresa. Com a informatização, a Andrade Gutierrez pretende fazer a contabilização mensal da pegada carbônica de suas unidades, o que permite o amadurecimento da gestão – verificar o quanto se emite, quais os projetos e processos de maior impacto, quanto cada obra contribui para as mudanças climáticas –, bem como a confiabilidade dos resultados (Figura 2). Além de torná-lo mais rápido e fidedigno, a informatização do inventário reduz os custos com o processo, viabilizando a estratégia de redução de emissões da empresa pautada pelo Programa de Redução de Emissões de GEE (PREGEE) (veja a seguir).

Segundo João Gilberto, o caráter inovador do sistema de inventário informatizado reside em sua capacidade de calcular as emissões de GEE da empresa de forma integrada com os demais sistemas de controle, com atualização mensal da quantificação das emissões: “Nada semelhante havia sido encontrado no mercado. [...] A informatização do inventário irá agilizar a gestão das emissões e a avaliação do resultado da implantação dos demais projetos do PREGEE”, relata.

O desenvolvimento da informatização do inventário de emissões de GEE envolveu as áreas corporativas de gestão de meio ambiente e sustentabilidade, tecnologia da informação, controle, equipamentos e suprimentos. “A decisão de informatizar foi desdobrada através da equipe de meio ambiente em conjunto com a equipe de tecnologia da informação, aliando o conhecimento dos negócios com as premissas para a informatização do processo”, explica João Gilberto.

O projeto está previsto para implantação em todas as unidades sob controle operacional da Construtora Andrade Gutierrez, no Brasil e no exterior, e servirá de base para mensurar os efeitos das decisões estratégicas da empresa e sua contribuição para o enfrentamento das mudanças climáticas. Atualmente, a AG é uma das poucas empresas no Brasil que aplica esse tipo de tecnologia.

Quadro 4 – Investimento

Figura 2: Fluxo de dados para a realização do inventário

Fonte: ANDRADE GUTIERREZ. João Gilberto Duarte, 2011.