Articulação das Iniciativas de Sustentabilidade

A Plataforma Produtor Rural Sustentável está inserida na estratégia de Produção Sustentável de Tabaco, que junto a outros objetivos compõe a estratégia corporativa da Souza Cruz.

A estratégia de sustentabilidade da Souza Cruz é alinhada com a de sua controladora (BAT) e se baseia no fomento ao empreendedorismo e à educação para a sustentabilidade em sua cadeia de valor, hoje implementada por meio da Plataforma Produtor Rural Sustentável juntamente com outras três plataformas: Companhia Sustentável (foco na empresa: colaboradores e fornecedores), Varejo Sustentável (foco em disseminação da sustentabilidade no varejo) e Sociedade Sustentável (foco no entorno das unidades onde opera).

Plataforma Produtor Rural Sustentável

A Plataforma Produtor Rural Sustentável é a maneira como a Souza Cruz buscou trazer para a prática seu compromisso com a sustentabilidade no contexto da produção agrícola, em particular no Sistema Integrado de Produção de Tabaco. Para a empresa, isso implica pensar no futuro da propriedade rural como um todo, buscando a conservação dos recursos naturais, humanos e produtivos de modo geral. Implementada em seu formato atual em 2008, a Plataforma busca identificar oportunidades de desenvolver o produtor, integrando as diversas iniciativas de sustentabilidade da produção agrícola desenvolvidas pela empresa junto a seus produtores e parceiros. Muitas das ações já são desenvolvidas há décadas, envolvendo em algum grau todos os 30 mil produtores integrados da Souza Cruz.

O objetivo da Plataforma Produtor Rural Sustentável é contribuir para a sustentabilidade econômica, social e ambiental dos produtores integrados e do Sistema Integrado de Produção. As diretrizes estabelecidas para cada uma das dimensões são:

  • Econômica: Oferecer oportunidades de maximização da propriedade rural como negócio sustentável.
  • Ambiental: Contribuir positivamente nos impactos ambientais da cadeia produtiva do tabaco.
  • Social: Contribuir para a erradicação da mão de obra de crianças e adolescentes na cultura do tabaco e melhorar as condições de segurança e saúde do trabalhador rural.

Integração de esforços

A criação da Plataforma se deu em função da observação de que diversas iniciativas com características semelhantes e oportunidades de sinergia eram muitas vezes conduzidas isoladamente. A Plataforma buscou alinhar esses projetos com as ações estratégicas da empresa como um todo, além de estabelecer uma governança em relação ao assunto e sua aplicação no campo, oferecendo projetos que dialoguem com essa estrutura. A Plataforma permite também à empresa integrar essa atuação à resposta a questões regulatórias.

A Plataforma está inteiramente ligada à área de negócio de tabaco da empresa, mais especificamente à produção agrícola da cultura. Contudo, diversos projetos desenvolvidos junto aos produtores integrados apresentam características multifuncionais em sua concepção, execução e comunicação interna ou externa, o que acaba por envolver também as áreas de finanças, assuntos corporativos, exportação, relações institucionais, comunicação, industrial e jurídica.

Criada de modo a congregar todos os projetos de sustentabilidade já existentes na área de Produção Agrícola, a Plataforma organiza uma visão, uma estrutura e um plano tático-operacional que possibilite a criação e execução de projetos que enderecem tanto necessidades quanto oportunidades de negócio.

Concepção e estruturação

Carlos Palma, gerente de Assuntos Corporativos para Tabaco e Operações da empresa, e Claudimir Rodrigues, gerente de Sustentabilidade em Produção Agrícola, explicam que a definição da visão estratégica da Souza Cruz para a sustentabilidade na produção agrícola ocorreu no nível diretivo, mas sua concepção contou com a participação de diversos níveis hierárquicos, com uma fundamental participação tanto das estruturas de campo como também de stakeholders externos ligados aos produtores integrados e de entidades setoriais da cadeia produtiva do tabaco.

No processo de idealização e estruturação da Plataforma foram consideradas, além dos programas já desenvolvidos pela empresa, as novas questões de regulamentação no setor rural. Foram elencados quais programas já atendiam à demanda e propostos outros com base em termos firmados com entidades regulamentadoras, como o Ministério Público do Trabalho e órgãos ambientais. A participação de produtores ocorreu por meio do envolvimento das entidades representativas dos produtores, como a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Paraná (Fetaep) e Federação dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul (Fetag-RS).

Envolvimento de stakeholders e parceiros

Para implementar as iniciativas, a empresa logo detectou a necessidade de construção de parcerias. Muitos problemas levantados nos programas da Plataforma são de grande extensão e de difícil superação, isoladamente, por um órgão, entidade, empresa ou setor, exigindo-se a busca de soluções conjuntas. Assim, a implementação das iniciativas e programas foi impulsionada pelo engajamento de diversos públicos, tais como colaboradores (executivos e operacionais); produtores integrados, suas representações e associações (sindicatos e federações); entidades setoriais; universidades, institutos de pesquisa; consultorias e especialistas independentes; ONGs; serviços públicos de capacitação e extensão rural; e autoridades públicas legisladoras, fiscalizadoras e executoras nos níveis municipal, estadual e federal.

Segundo Claudimir Rodrigues, a participação desses públicos se deu desde o planejamento estratégico e tático-operacional das iniciativas até a sua execução. Além disso, incluiu papéis diversos, como os de colaborar, coexecutar, certificar ou atestar que a Plataforma esteja em linha com seus próprios objetivos e com as expectativas das diferentes partes, internas ou externas à empresa, de modo a contribuir com a sociedade como um todo e, de forma mais específica, com as regiões produtoras de tabaco.

A viabilização dos programas no campo foi efetivada através do corpo técnico constituído pelos orientadores agrícolas da Souza Cruz, habilitados para comunicar, influenciar e mobilizar todos os atores envolvidos na cadeia produtiva por meio de contato direto, reuniões técnicas e seminários apoiados por materiais de comunicação desenvolvidos para tal fim. Já no momento da transmissão de conteúdos específicos de capacitação, entram em ação os parceiros adequados a cada função – como, por exemplo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) (veja o Quadro 1).

Gestão da Plataforma

Para a gestão da Plataforma foi desenhada uma estrutura própria. Criou-se a função de Gerente de Sustentabilidade em Produção Agrícola, que conta com uma equipe não executiva que garante a operacionalização das iniciativas no campo, além dos controles internos e externos de caráter gerencial e legal. Essa estrutura hoje é composta por quatro pessoas efetivas e seis sazonais.

O compromisso do produtor de adotar e seguir as práticas de sustentabilidade é firmado através de contrato anual de compra e venda de tabaco, além de compromissos firmados através de declarações, participação em treinamentos e programas, e da adoção de métricas e de metodologias ligadas aos projetos.

Em alguns casos, houve dificuldades. Segundo Carlos Palma, muitas questões tratadas nas iniciativas da Plataforma têm cunho cultural – como a questão da proibição do trabalho de menores de 18 anos na atividade – e poderiam gerar resistências por parte dos produtores e de suas representações. Isso exigiu mais tempo e um trabalho mais intenso de esclarecimento da legislação para que a prática fosse incorporada às atividades dos produtores integrados. Diversos materiais de comunicação foram desenvolvidos para dar suporte ao trabalho do corpo técnico, além do reforço com o uso de meios de comunicação – rádios, televisão e jornais.

Segundo Carlos, a maior parte dos projetos é gerenciada por indicadores e metas claras, de curto, médio e longo prazos – as quais estão sendo progressivamente atingidas. Os efeitos da implementação da Plataforma são avaliados através de diversos parâmetros e métricas de sustentabilidade, auditorias internas e externas, além do feedback de stakeholders. O reconhecimento das práticas da Souza Cruz – percebido no relacionamento com o setor e com a sociedade, bem como em premiações relacionadas ao tema – é mencionado como um sinalizador importante.

Dentre os resultados da implementação dos programas, a empresa relata já haver redução do uso de mata nativa a praticamente zero, além da melhoria da qualidade das safras e da redução do uso de agroquímicos aos mais baixos níveis em culturas comerciais no Brasil (1,1 kg de ingrediente ativo/hectare). Em função dos ganhos de produtividade e do aumento do faturamento, verificou-se a redução do nível de endividamento do produtor integrado, o qual se encontra atualmente em cerca de 20% da sua estimativa de produção. Veja no Quadro 1 mais informações sobre os programas da Plataforma Produtor Rural Sustentável e seus resultados.