Desequilíbrios Econômicos

Seja nas comparações entre países ricos e pobres, seja internamente na gestão das nações, vamos encontrar distorções econômicas.

Com relação aos PIBs (Produto interno Bruto), vamos encontrar boa parte da riqueza do mundo concentrada em uma dezena de países. Ver exemplo na Tabela 1.

Tabela 1 - PIB de países e do mundo (países selecionados)

O crescimento econômico global aumentou 75% desde 1992, e o PIB per capita aumentou 40%, mas a desigualdade ainda é grande. A diferença do PIB per capita entre países desenvolvidos e em desenvolvimento aumentou continuamente.

Dentro da própria União Europeia os países são diferentes e, pelo papel de liderança econômica e política da organização, essas divergências comprometem não somente os estados internos como todo o mundo. Conforme dados do FMI, na União Europeia existem variações entre os países: encontramos a Alemanha e a França com baixa dívida bruta e baixo déficit nominal, e países como a Itália, com alta dívida, ou como a Espanha, com alto déficit. Alguns pesquisadores dizem que a crise da Zona do Euro poderia ser resolvida se o bloco fosse tratado como único, mas há uma série de entraves políticos, culturais e de interesses econômicos que dificultam essa reconfiguração do continente.

Gráfico 1 - Dívida bruta e déficit nominal de alguns países do mundo e da zona do euro.

Fonte: FMI e BLOOMBERG

Reforçando a percepção das distorções econômicas, quando incluímos as empresas no ranking das maiores entidades econômicas do mundo, emerge uma listagem que há muito chama a atenção das sociedades. Quando se mesclam países e empresas, em uma relação das 50 maiores entidades econômicas, sete eram empresas. Ou seja, aparecem organizações com PIBs maiores que boa parte das nações. Esse ranking foi publicado pela Fortune Magazine e pelo Banco Mundial (ver Tabela I.2).

Tabela 2 - Ranking das maiores entidades econômicas mundiais de 2010

Fonte: FORTUNE MAGAZINE e WORLD BANK, 2010.

Para facilitar as condições de vida dos mais pobres, a disponibilidade do microcrédito se torna uma alternativa eficaz para gerar oportunidades e/ou auxílio às dificuldades financeiras. Conforme um gráfico apresentado no documento Visão 2050 (2010), do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD – com tradução feita pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável - CEBDS), o acesso ainda é restrito e existem grandes demandas, já que apenas 10% das famílias pobres tiveram acesso na África e no Oriente Médio.

Gráfico 2 - Distribuição do acesso de famílias a microcrédito

Fonte: Visão 2050, 2010.

O consumo é um dos assuntos mais tratados pela economia e mais relevantes para a sustentabilidade. A desigualdade do consumo entre as nações é grande, como pode ser visto na tabela 3, com dados do World Watch.

Tabela 3 - População mundial sustentável com diferentes níveis de consumo.

Fonte: Disponível em: www worldwatch.org

A disparidade econômica pode ainda ser percebida nos meios de comunicação. Sendo a formação de redes e a informação em tempo real características-chave que suportam nossa sociedade contemporânea, o acesso aos meios de comunicação, à internet, é fundamental para os grupos sociais. Contudo, nem todos têm esse acesso garantido, e, como mostra a tabela I.4, podemos dizer que as camadas de renda mais baixa convivem com situações de exclusão digital.

Tabela 4 - Possibilidades de comunicação por grupos de renda

Fonte: Disponível em: www worldwatch.org

Abaixo, alguns outros exemplos de desequilíbrios econômicos:

  • Os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), representam apenas 18% da população do mundial, mas respondem por 86% da despesa de saúde.
  • Quanto às áreas de investimento de mercado, conforme o Stockholm International Peace Research Institute, o investimento bélico em 2010 chegou a 1630 bilhões, com aumento de 1,3% em relação ao ano anterior, principalmente pelos EUA percentualmente e na América do Sul e na África. Como contraponto e de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o fundo internacional da saúde chegou a 27 bilhões em 2010 e, anualmente, a despesa global em saúde é de cerca de US$ 5,3 trilhões (2010). Em relatório da UNESCO, o financiamento para os fundos humanitários precisa ser aumentado de cerca de 730 milhões para 2 bilhões de dólares, a fim de cobrir déficits no financiamento da educação.